Ainda me lembro, 2005, eu com uma revista Fapesp nas mãos, cortesia do Departamento de Cirurgia da FORP/USP ao público. Nesta revista havia uma crônica muito interessante sobre um professor titular que receberia um prêmio importante em face de sua carreira acadêmica.
Em suma, tal escrita terminava com o professor entrando no prédio onde seria homenageado, quando, passo a passo, notou o varredor de rua executando seu serviço, o aluno de mochila nas costas apressado para a aula, meninas saindo do bandejão universitário, os pássaros no céu, os barulhos dos carros, as pessoas indo e vindo, e ele concluiu, após 40 anos de Universidade, que não era profissional ou pessoalmente significante a não ser para aqueles os quais conheciam seu trabalho ou sua família/amigos. Ou seja, pouco mais de meia dúzia.
Ainda assim, há muitos no meio acadêmico os quais se regojizam com suas posições, seus poderes (embora limitadíssimos), suas pequenas lideranças. Publicar se torna meta de vida. E se faz de tudo por isso. Ameaças, dramas, coaptações, propostas, acordos, indicações, imposições, trocas, tudo pode ser válido na inclusão de um nome nos artigos internacionais.
A fim de ser respeitado por meia dúzia? E a educação como legado, na formação de futuros professores?
Na época da residência, prestei mestrado na Alemanha. Viver no exterior, ampliar horizontes. Apreciar diferentes culturas, idiomas e povos. Esses desejos tem sido supridos com viagens frequentes e principalmente com o contato com os amigos estrangeiros.
Hoje nem posso ouvir falar em sair do país. A não ser que leve comigo a família, ou que vá embora para ter a minha família, a coisa mais importante da vida, na minha opinião. Os valores mudam, bem como a visão sobre o mundo, a vida, carreira, humanidade.
Publicar é bacana, considerando isto a conclusão de um estudo de anos. Não uma meta, mas uma consequência de um trabalho realizado com carinho e esforço. É como um bônus salarial aguardado, não garantido, mas muito comemorado quando chega. E sempre chega.
Mais bacana do que publicar com uma pessoa é aprender com ela o extra muros. É imortalizá-la em atitudes, perpetuar os ensinamentos.
Pensando bem, não há gratificação melhor do que um sorriso largo. A Odontologia permite.
Foto: Cristiane Silva, uma querida.
2 comentários:
Adorei seu desabafo, seu escrito tão puro, tão real e ao mesmo tempo extremamente centrado em suas experiências de vida, o que é significativo para algúem tão jovem e que me deixou a impressão precisa de que é, muito brilhante no que estudou e naquilo que o fará com a profissão. Parabéns!
Obrigada, seja sempre bem vindo! Abraços!
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