Dona Ivone é um ser a parte naquele salão de beleza. Cerca de 50 anos, manca, sorriso com dentes amarelos e outros faltando, um metro de altura, sem família, vivendo em uma pensão e muitos contos de paróquia. Dia sim está destilada em álcool, dia não também.
Sonha em se casar e em ter dentes brancos: "quando for na faculdade, vou mandar eles colocarem em mim dentes brancos. Quem sabe assim eu arrumo um namorado".
Na vida de Dona Ivone, o ator principal é o padre da Igreja São Judas. Conta ela que o padre é mister em levar as beatas mais atrevidas para trás do altar depois da missa. E ela não foi uma delas. Quando conta as malícias de sua mente, diz, assanhada: "bem que o padre poderia me levar! Aquele pedaço de mau caminho!! E ri, sem fim, sorriso maroto".
O causo mais engraçado ocorreu sábado passado. Dona Ivone contou que, certa vez, na praia, estava embaixo de um coqueiro, quando, de repente, sentiu gotas de sangue pingarem sobre seu corpo. Olhou para cima, nada via. Mais tarde, um nativo contou a ela que naquele coqueiro uma mulher se enforcara, devido a perda de um amor. Dona Ivone está convicta do sangue ao seu corpo, embora apenas ela tenha visto o vermelho. Talvez seja um sinal de que o amor dela esteja próximo. Domingo.
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