terça-feira, 7 de abril de 2009

Procissão - Éramos Quatro

Oito da noite, uma segunda-feira. Meninas na cozinha, sentadas, largadas, cozinhando, de Havaianas, de soutien e shorts, de caras lavadas, com sono, exaustas.

Dona Zilda chama, menina, a procissão, tá chegando!


Na rua, um padre de 65 anos, com óculos, bem branquinho e grisalho, vestindo branco, de esquerda segura um terço e com a outra faz o sinal da cruz no ar.


Ao lado, um mocinho de 15 anos segura uma cruz entalhada em madeira, com um círculo ao redor, de cerca de 80 cm de altura, vestido de coroinha.


Em seguida, dois mocinhos vestidos de padres. Aos redores, temos senhoras principalmente, segurando velas em castiçais de garrafas PET cortadas, rosca aproveitada para encaixar a vela. Outras levam em copos de plástico de festas de aniversário infantis.


Mais atrás, seguem mulheres, alguns mocinhos, um ou outro senhor, umas crianças bem ao fundo, de chinelinhos, simplesinhas.


As pessoas ao fundo curiosamente não carregam velas.


Provavelmente se juntaram de última hora à procissão pelas ruas do pacato bairro da cidade do interior.


Todos cantam Ave-maria, estão entoando o terço.


Para onde leva a procissão? Para a igreja maior.


Humanos seguem um humano com o poder de levá-los ao céu.

Para onde leva a procissão?
Éramos quatro, agora somos duas novamente. Resta a saudade.