segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Gift

Estava eu aqui olhando para esta maravilhosa e colorida cesta com a qual fui presenteada esta noite, quando, de repente, me veio à mente a seguinte pergunta: que tipo de pessoa oferece um presente como este a um amigo?

E comecei a desembrulhar cada pacotinho de forma cerimonial, como se estivesse abrindo pacotes no Natal de quando eu tinha os meus seis anos de idade... A cada dobradura desfeita um objeto se revelava aos meus olhos. Cada um desses presentes tinha um detalhe único sobre a minha personalidade conhecido apenas por alguém que me conhecia profundamente.

E fiquei pensando em quanto tempo conseguimos (ou podemos) conhecer o outro sobremaneira. Seria a percepção uma dádiva inerente àquela existência singular ou seria tal percepção proveniente de uma soma de experiências ao longo da vida? Quanto tempo se leva para "olhar um olhar" e reconhecer a alma que habita o interior desse olhar?

Por que algumas pessoas olham e veem e tantas outras olham e não enxergam?

Os pincéis de maquiagem, a bolsinha, os lencinhos, tudo foi adquirido se pensando em uma pessoa. Nenhum presente pode ser mais pessoal do que este. Tampouco mais profundo, tal qual uma colcha de retalhos, na qual se borda cada tira de tecido e depois de um espaço de tempo obtém-se o objeto final. 

Quantos momentos e por quantos lugares você passou e se lembrou de mim.

Quanto especial eu pude me sentir nesse instante por ter sido acalantada com uma forte sensação de bem querer e de amizade. E que momento especial isso pôde ocorrer.

Como disse um sábio, certa vez, a gente pode até esquecer o que uma pessoa nos fez ou nos disse, mas a gente nunca vai esquecer como uma pessoa nos fez sentir.

Muito obrigada, de coração, por sua amizade. Obrigada por sua presença constante e seus sábios conselhos. Obrigada por ser a bruxinha que você é, com uma capacidade imensa de prever coisas muito antes de acontecerem, por prever pessoas antes de eu me machucar, pela sinceridade de suas palavras e atitudes, obrigada por toda essa retaguarda. Você é um anjo que apareceu em minha vida em 2009, o qual eu peço ao Universo a permanência até o fim da minha vida.

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração 

Muito obrigada pela transparência em suas atitudes. 

Um grande beijo e o desejo profundo de que o Universo te cubra de bênçãos, de amor, de pessoas éticas e verdadeiras, de alegrias, de realizações, de sonhos, de esperança, e de muita fé...

Feito essa gente que anda por aí
Brincando com a vida
Cuidado, companheiro!

A vida é pra valer

A vida não é brincadeira, amigo

A vida é arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida

Link da música (Samba da Bênção): http://www.youtube.com/watch?v=fl2WJdn3qOE&feature=related

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Você é...


Você é os brinquedos que brincou, as gírias que usava, você é os nervos a flor da pele no vestibular, os segredos que guardou, você é sua praia preferida, Garopaba, Maresias, Ipanema, você é o renascido depois do acidente que escapou, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai, você é o que você lembra.

Você é a saudade que sente da sua mãe, o sonho desfeito quase no altar, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora.

Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, você é o pelo do braço que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, você é as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junta, você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, você é o que você desnuda.

Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, você é o desprezo pelo o que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá, você é aquele que rema, que cansado não desiste, você é a indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta, você é o que você queima.

Você é aquilo que reinvidica, o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta, você é os direitos que tem, os deveres que se obriga, você é a estrada por onde corre atrás, serpenteia, atalha, busca, você é o que você pleiteia.

Você não é só o que come e o que veste. Você é o que você requer, recruta, rabisca, traga, goza e lê. Você é o que ninguém vê.

(por Martha Medeiros)