quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A liberdade de ver os outros - David Foster Wallace


Texto tirado do discurso de paraninfo para formandos do Kenyon College, de 2005
(Publicado na Revista Piauí, outubro de 2008)



Dois peixinhos estão nadando juntos e cruzam com um peixe mais velho, nadando em sentido contrário. Ele os cumprimenta e diz:

- Bom dia, meninos. Como está a água?

Os dois peixinhos nadam mais um pouco, até que um deles olha para o outro e pergunta:

- Água? Que diabo é isso?

Não se preocupem, não pretendo me apresentar a vocês como o peixe mais velho e sábio que explica o que é água ao peixe mais novo. Não sou um peixe velho e sábio. O ponto central da história dos peixes é que a realidade mais óbvia, ubíqua e vital costuma ser a mais difícil de ser reconhecida. Enunciada dessa forma, a frase soa como uma platitude, mas é fato que, nas trincheiras do dia-a-dia da existência adulta, lugares comuns banais podem adquirir uma importância de vida ou morte.

Boa parte das certezas que carrego comigo acabam se revelando totalmente equivocadas e ilusórias. Vou dar como exemplo uma de minhas convicções automáticas: tudo à minha volta respalda a crença profunda de que eu sou o centro absoluto do universo, de que sou a pessoa mais real, mais vital e essencial a viver hoje. Raramente mencionamos esse egocentrismo natural e básico, pois parece socialmente repulsivo, mas no fundo ele é familiar a todos nós. Ele faz parte de nossa configuração padrão, vem impresso em nossos circuitos ao nascermos.

Querem ver? Todas as experiências pelas quais vocês passaram tiveram, sempre, um ponto central absoluto: vocês mesmos. O mundo que se apresenta para ser experimentado está diante de vocês, ou atrás, à esquerda ou à direita, na sua tevê, no seu monitor, ou onde for. Os pensamentos e sentimentos dos outros precisam achar um caminho para serem captados, enquanto o que vocês sentem e pensam é imediato, urgente, real. Não pensem que estou me preparando para fazer um sermão sobre compaixão, desprendimento ou outras "virtudes". Essa não é uma questão de virtude - trata-se de optar por tentar alterar minha configuração padrão original, impressa nos meus circuitos. Significa optar por me libertar desse egocentrismo profundo e literal que me faz ver e interpretar absolutamente tudo pelas lentes do meu ser.

Num ambiente de excelência acadêmica, cabe a pergunta: quanto do esforço em adequar a nossa configuração padrão exige de sabedoria ou de intelecto? A pergunta é capciosa. O risco maior de uma formação acadêmica - pelo menos no meu caso - é que ela reforça a tendência a intelectualizar demais as questões, a se perder em argumentos abstratos, em vez de simplesmente prestar atenção ao que está ocorrendo bem na minha frente.

Estou certo de que vocês já perceberam o quanto é difícil permanecer alerta e atento, em vez de hipnotizado pelo constante monólogo que travamos em nossas cabeças. Só vinte anos depois da minha formatura vim a entender que o surrado clichê de "ensinar os alunos como pensar" é, na verdade, uma simplificação de uma idéia bem mais profunda e séria. "Aprender a pensar" significa aprender como exercer algum controle sobre como e o que cada um pensa. Significa ter plena consciência do que escolher como alvo de atenção e pensamento. Se vocês não conseguirem fazer esse tipo de escolha na vida adulta, estarão totalmente à deriva.

Lembrem o velho clichê: "A mente é um excelente servo, mas um senhorio terrível." Como tantos clichês, também esse soa inconvincente e sem graça. Mas ele expressa uma grande e terrível verdade. Não é coincidência que adultos que se suicidam com armas de fogo quase sempre o façam com um tiro na cabeça. Só que, no fundo, a maioria desses suicidas já estava morta muito antes de apertar o gatilho. Acredito que a essência de uma educação na área de humanas, eliminadas todas as bobagens e patacoadas que vêm junto, deveria contemplar o seguinte ensinamento: como percorrer uma confortável, próspera e respeitável vida adulta sem já estar morto, inconsciente, escravizado pela nossa configuração padrão - a de sermos singularmente, completamente, imperialmente sós.

Isso também parece outra hipérbole, mais uma abstração oca. Sejamos concretos então. O fato cru é que vocês, graduandos, ainda não têm a mais vaga idéia do significado real do que seja viver um dia após o outro. Existem grandes nacos da vida adulta sobre os quais ninguém fala em discursos de formatura. Um desses nacos envolve tédio, rotina e frustração mesquinha.

Vou dar um exemplo prosaico imaginando um dia qualquer do futuro. Você acordou de manhã, foi para seu prestigiado emprego, suou a camisa por nove ou dez horas e, ao final do dia, está cansado, estressado, e tudo que deseja é chegar em casa, comer um bom prato de comida, talvez relaxar por umas horas, e depois ir para cama, porque terá de acordar cedo e fazer tudo de novo. Mas aí lembra que não tem comida na geladeira. Você não teve tempo de fazer compras naquela semana, e agora precisa entrar no carro e ir ao supermercado. Nesse final de dia, o trânsito está uma lástima.

Quando você finalmente chega lá, o supermercado está lotado, horrivelmente iluminado com lâmpadas fluorescentes e impregnado de uma música ambiente de matar. É o último lugar do mundo onde você gostaria de estar, mas não dá para entrar e sair rapidinho: é preciso percorrer todos aqueles corredores superiluminados para encontrar o que procura, e manobrar seu carrinho de compras de rodinhas emperradas entre todas aquelas outras pessoas cansadas e apressadas com seus próprios carrinhos de compras. E, claro, há também aqueles idosos que não saem da frente, e as pessoas desnorteadas, e os adolescentes hiperativos que bloqueiam o corredor, e você tem que ranger os dentes, tentar ser educado, e pedir licença para que o deixem passar. Por fim, com todos os suprimentos no carrinho, percebe que, como não há caixas suficientes funcionando, a fila é imensa, o que é absurdo e irritante, mas você não pode descarregar toda a fúria na pobre da caixa que está à beira de um ataque de nervos.

De qualquer modo, você acaba chegando à caixa, paga por sua comida e espera até que o cheque ou o cartão seja autenticado pela máquina, e depois ouve um "boa noite, volte sempre" numa voz que tem o som absoluto da morte. Na volta para casa, o trânsito está lento, pesado etc. e tal.

É num momento corriqueiro e desprezível como esse que emerge a questão fundamental da escolha. O engarrafamento, os corredores lotados e as longas filas no supermercado me dão tempo de pensar. Se eu não tomar uma decisão consciente sobre como pensar a situação, ficarei irritado cada vez que for comprar comida, porque minha configuração padrão me leva a pensar que situações assim dizem respeito a mim, a minha fome, minha fadiga, meu desejo de chegar logo em casa. Parecerá sempre que as outras pessoas não passam de estorvos. E quem são elas, aliás? Quão repulsiva é a maioria, quão bovinas, e inexpressivas e desumanas parecem ser as da fila da caixa, quão enervantes e rudes as que falam alto nos celulares.

Também posso passar o tempo no congestionamento zangado e indignado com todas essas vans, e utilitários e caminhões enormes e estúpidos, bloqueando as pistas, queimando seus imensos tanques de gasolina, egoístas e perdulários. Posso me aborrecer com os adesivos patrióticos ou religiosos, que sempre parecem estar nos automóveis mais potentes, dirigidos pelos motoristas mais feios, desatenciosos e agressivos, que costumam falar no celular enquanto fecham os outros, só para avançar uns 20 metros idiotas no engarrafamento. Ou posso me deter sobre como os filhos dos nossos filhos nos desprezarão por desperdiçarmos todo o combustível do futuro, e provavelmente estragarmos o clima, e quão mal-acostumados e estúpidos e repugnantes todos nós somos, e como tudo isso é simplesmente pavoroso etc. e tal.

Se opto conscientemente por seguir essa linha de pensamento, ótimo, muitos de nós somos assim - só que pensar dessa maneira tende a ser tão automático que sequer precisa ser uma opção. Ela deriva da minha configuração padrão.

Mas existem outras formas de pensar. Posso, por exemplo, me forçar a aceitar a possibilidade de que os outros na fila do supermercado estão tão entediados e frustrados quanto eu, e, no cômputo geral, algumas dessas pessoas provavelmente têm vidas bem mais difíceis, tediosas ou dolorosas do que eu.

Fazer isso é difícil, requer força de vontade e empenho mental. Se vocês forem como eu, alguns dias não conseguirão fazê-lo, ou simplesmente não estarão a fim. Mas, na maioria dos dias, se estiverem atentos o bastante para escolher, poderão preferir olhar melhor para essa mulher gorducha, inexpressiva e estressada que acabou de berrar com a filhinha na fila da caixa. Talvez ela não seja habitualmente assim. Talvez ela tenha passado as três últimas noites em claro, segurando a mão do marido que está morrendo. Ou talvez essa mulher seja a funcionária mal remunerada do Departamento de Trânsito que, ontem mesmo, por meio de um pequeno gesto de bondade burocrática, ajudou algum conhecido seu a resolver um problema insolúvel de documentação.

Claro que nada disso é provável, mas tampouco é impossível. Tudo depende do que vocês queiram levar em conta. Se estiverem automaticamente convictos de conhecerem toda a realidade, vocês, assim como eu, não levarão em conta possibilidades que não sejam inúteis e irritantes. Mas, se vocês aprenderam como pensar, saberão que têm outras opções. Está ao alcance de vocês vivenciarem uma situação "inferno do consumidor" não apenas como significativa, mas como iluminada pela mesma força que acendeu as estrelas.

Relevem o tom aparentemente místico. A única coisa verdadeira, com V maiúsculo, é que vocês precisam decidir conscientemente o que, na vida, tem significado e o que não tem.

Na trincheira do dia-a-dia, não há lugar para o ateísmo. Não existe algo como "não venerar". Todo mundo venera. A única opção que temos é decidir o que venerar. E o motivo para escolhermos algum tipo de Deus ou ente espiritual para venerar - seja Jesus Cristo, Alá ou Jeová, ou algum conjunto inviolável de princípios éticos - é que todo outro objeto de veneração te engolirá vivo. Quem venerar o dinheiro e extrair dos bens materiais o sentido de sua vida nunca achará que tem o suficiente. Aquele que venerar seu próprio corpo e beleza, e o fato de ser sexy, sempre se sentirá feio - e quando o tempo e a idade começarem a se manifestar, morrerá um milhão de mortes antes de ser efetivamente enterrado.

No fundo, sabemos de tudo isso, que está no coração de mitos, provérbios, clichês, epigramas e parábolas. Ao venerar o poder, você se sentirá fraco e amedrontado, e precisará de ainda mais poder sobre os outros para afastar o medo. Venerando o intelecto, sendo visto como inteligente, acabará se sentindo burro, um farsante na iminência de ser desmascarado. E assim por diante.

O insidioso dessas formas de veneração não está em serem pecaminosas - e sim em serem inconscientes. São o tipo de veneração em direção à qual você vai se acomodando quase que por gravidade, dia após dia. Você se torna mais seletivo em relação ao que quer ver, ao que valorizar, sem ter plena consciência de que está fazendo uma escolha.

O mundo jamais o desencorajará de operar na configuração padrão, porque o mundo dos homens, do dinheiro e do poder segue sua marcha alimentado pelo medo, pelo desprezo e pela veneração que cada um faz de si mesmo. A nossa cultura consegue canalizar essas forças de modo a produzir riqueza, conforto e liberdade pessoal. Ela nos dá a liberdade de sermos senhores de minúsculos reinados individuais, do tamanho de nossas caveiras, onde reinamos sozinhos.

Esse tipo de liberdade tem méritos. Mas existem outros tipos de liberdade. Sobre a liberdade mais preciosa, vocês pouco ouvirão no grande mundo adulto movido a sucesso e exibicionismo. A liberdade verdadeira envolve atenção, consciência, disciplina, esforço e capacidade de efetivamente se importar com os outros - no cotidiano, de forma trivial, talvez medíocre, e certamente pouco excitante. Essa é a liberdade real. A alternativa é a torturante sensação de ter tido e perdido alguma coisa infinita.

Pensem de tudo isso o que quiserem. Mas não descartem o que ouviram como um sermão cheio de certezas. Nada disso envolve moralidade, religião ou dogma. Nem questões grandiosas sobre a vida depois da morte. A verdade com V maiúsculo diz respeito à vida antes da morte. Diz respeito a chegar aos 30 anos, ou talvez aos 50, sem querer dar um tiro na própria cabeça. Diz respeito à consciência - consciência de que o real e o essencial estão escondidos na obviedade ao nosso redor - daquilo que devemos lembrar, repetindo sempre: "Isto é água, isto é água."

É extremamente difícil lembrar disso, e permanecer consciente e vivo, um dia depois do outro.


domingo, 15 de agosto de 2010

Paulo Coelho


The simple things are the most extraordinary, but only a pure heart can recognize them // Las cosas simples son las más extraordinarias, pero sólo un alma pura consigue verlas.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A Divina Comédia, Dante Alighieri, Paraíso, Cena Final


...

126 E te amas e sorris só te entendendo!
(...)
Geômetra, que o espírito crucia Para o círculo medir, em vão procura  
143. Mas a vontade minha etc., mas o Amor, isto é, Deus, que move o Sol e as estrelas, movia a minha vontade, concordemente à sua, como uma roda que obedece ao motor.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Frase III

Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo.
(José Saramago)

sábado, 7 de agosto de 2010

Frase II



"O amor é uma verdadeira incógnita infinitamente e deliciosamente indecifrável".
By Liz Dantas (http://sebaoliterario.blogspot.com)

Frase


"A gente tem que procurar o que nos torna intensos e nos faz entregarmos à vida".
Elizabeth Gilbert (Comer , Rezar, Amar)

Pravsworld

1. No one can ruin your day without YOUR permission.
2. Most people will be about as happy, as they decide to be.
3. Others can stop you temporarily, but only you can do it permanently.
4. Whatever you are willing to put up with, is exactly what you will have.
5. Success stops when you do.

6. When your ship comes in…. make sure you are willing to unload it.
7. You will never have it all together.
8. Life is a journey…not a destination. Enjoy the trip!
9. The biggest lie on the planet When I get what I want I will be happy.
10. The best way to escape your problem is to solve it.

11. I’ve learned that ultimately , ‘takers’ lose and ‘givers’ win.
12. Life’s precious moments don’t have value, unless they are shared.
13. If you don’t start, it’s certain you won’t arrive.
14. We often fear the thing we want the most.
15. He or she who laughs……lasts.

16. Yesterday was the deadline for all complaints.
17. Look for opportunities…not guarantees.
18. Life is what’s coming….not what was.
19. Success is getting up one more time.
20. Now is the most interesting time of all.
21. When things go wrong…..don’t go with them.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A crise segundo "Einstein" (autoria não confirmada)


"Não pretendemos que as coisas mudem, 

se sempre fazemos o mesmo.   
A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, 

porque a crise traz progressos. 
A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. 
É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. 
Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar "superado". 
Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento 

e respeita mais os problemas que as soluções. 
A verdadeira crise, é a crise da incompetência. 
O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar saídas e soluções fáceis. 
Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. 

Sem crise não há mérito. 
É na crise que aflora o melhor de cada um. 
Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. 
Em vez disso, trabalhemos duro. 
Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la!"

Crônica do Amor - Arnaldo Jabor



Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no
ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a
menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama
este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura
por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim. 

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O Amor é Outra Coisa - Velhas Virgens



O amor não é algo que o faz sair do chão e o transporta para lugares que você nunca viu. O nome disso é avião.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que você esconde dentro de si e não mostra para ninguém. Isso se chama vibrador tailandês de três velocidades. O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que te faz perder a respiração e a fala. O nome disso é bronquite asmática.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que chega de repente e o transforma em refém. Isso se chama sequestrador.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que voa alto no céu e deixa sua marca por onde passa. Isso se chama pombo com caganeira.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que você pode prender ou botar pra fora de casa quando bem entender. Isso se chama cachorro.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa cinza que lançou uma luz sobre ti, o levou para ver as estrelas e o trouxe de volta com algo dele dentro de você. Isso se chama alienígena.
O amor é outra coisa.

O amor não te deixa eternamente ligado a uma pessoa. O nome disso é gravidez. O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que desapareceu e que, se encontrado, poderia mudar o que está diante de você. Isso se chama controle remoto da TV.
O amor é outra coisa.

O amor não faz você vestir as melhores roupas e sapatos. O nome disso é entrevista de emprego.
O amor é outra coisa.

O amor não nos faz perder a noção do tempo. O nome disso é horário de verão. O amor é outra coisa.
O amor não faz você chorar sem motivos. O nome disso é cebola. O amor é outra coisa.
O amor não te leva por caminhos tortuosos e te assusta de vez em quando. O nome disso é trem fantasma.
O amor é outra coisa.

O amor não te enche de flores. O nome disso é funeral. O amor é outra coisa.
O amor não renova suas energias e cura seus males. O nome disso é Cogumelo do Sol.
O amor é outra coisa.

O amor não faz você se sentir sempre acompanhado. O nome disso é encosto.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que o espreita todas as noites nas ruas escuras da cidade. O nome disso é Batman.
O amor é outra coisa.

O amor não dá um norte na sua vida. O nome disso é bússola. O amor é outra coisa.

Poema de FM

O brilho de Marcela se vai,
mas ilumina quantas horas a fio?
Os olhos dela se vão, mas seu jeito permanece,
Entranha-se nas curvas da alma
E acomoda os sobressaltos do devir
 
Marcela enfeita o mundo com seu sorriso,
Enfeitiça, mas deixa a alegria latente,
Acomoda, entorpece
Mas é linda da cabeça aos pés.
 
Charmosa e cintilante,
Arrasta o que de mim resta verdadeiro
E brinca com um coração emulante,
Capaz de dobrar-se aos segredos de um respiro
 
Bom descanso, Marcela
Pode parar de bater as asas...
Uma pessoa angelical assim merece todo respeito
e cada segundo do seu olhar guarda espaço aqui dentro!



Saber Amar (Mario Quintana)



O cara diz que te ama, então tá! Ele te ama. 
Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado. 
Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. 

Mas saber-se amado é uma coisa,  sentir-se amado é outra, uma diferença de quilômetros. 
A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e palavras. 

Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem  interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você quando for preciso.

Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma  tempestade em copo d'água. 

Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão.. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente inteiro. 

Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.

Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta. 

Agora, sente-se e escute:  Eu te amo não diz tudo.

Pétala - Poema de FM

Pétala
 
Não é apenas bela.
Transcende a teleologia da semente.
Pétala sintetiza o primor humano,
 
Ao trazer graça ao mundo,
Ao mimetizar insetos e
Atrair a dança frenética de beija-flores
Ao redor do feitiço em formas, cores e odores
 
Irradiam, então, o pólen da vida,
Sem saber disso, talvez.
Tão pouco a pétala o sabe.
Ela apenas é!
 
Inteligente sem interesse,
Ágil perante o ciclo terrestre,
Sábia ao resguarda-se
E eterna ao enebriar!
 
Pétala essencia a textura
A beleza das entranhas do viver...
 
A harmonia em pétalas que és, Marcela...